Tag Archive | portugues

Grandes descobertas no estudo de idiomas

Uma das coisas que eu mais gosto no estudo de idiomas é entender o porquê falamos ou escrevemos de forma tão diferente do português europeu. A história brasileira nos dá muitas dicas, mas foi estudando outros idiomas que comecei a entender certas coisas.

Uma das coisas mais interessantes em nosso idioma (e em outros países “continentais”) é a variedade de sotaques que temos. Praticamente cada estado tem seu ritmo de fala e vocabulário especializado, com suas gírias locais e nomes diferentes para as mesmas coisas. Uma diferença clara para todos os brasileiros são os 4 fonemas diferentes que temos para o “r”. E isto pode ser explicado facilmente se observarmos os tipos de migrações que essas regiões sofreram nos últimos duzentos anos.

Veja o interior de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo. Esses estados receberam grandes migrações de ingleses durante a construção das ferrovias. Essa migração impactou significativamente no idioma dessa região, que ficou marcada pelo uso acentuado do “r”.

Os estados do Rio de Janeiro, Norte e Nordeste sofreram poucas migrações de trabalhadores, e conseguiram preservar boa parte do idioma original e, por consequência, o som do “r” característico.

Já na capital paulista, o som do “r” é singular: a grande migração italiana no final do século XIX contribuiu para que os paulistas, não só adotassem um “cantado” típico italiano, mas também adotassem o som do “r” daquele idioma.

Outra curiosidade trazida pelos italianos e que perturba qualquer um que esteja aprendendo nosso idioma único: o uso do “s” nos plurais. No português e no espanhol, a flexão do plural é feita com o acréscimo do “s”, e outras versões que não vou detalhar agora. Já no italiano, a flexão do plural é bem diferente: palavras terminadas em “o” tem seu plural com término em “i”; as terminadas em “a”, tem o plural terminando em “e”. Nada de “s”!!!

Com certeza essa pequena singularidade, associada ao baixo nível de educação formal da época, fez com que, no idioma falado, nos acostumássemos a não acrescentar o “s” ao final, já que os migrantes não faziam isso. Não deixa de ser uma forma dos dois povos se adequarem uns aos outros.

O som do “e”, que na fala soa como “i”, ou do “o”, que soa como “u”, pode, também, ter origem na mesma adaptação de migrantes ao contexto brasileiro da época.

O convívio com os índios também transformou muito nosso idioma, não só com o acréscimo de palavras com origem no tupi, mas também com a forma de falarmos. Da mesma forma que a ocupação moura em Portugal modificou o português, antes mesmo dele vir ocupar nossa terra brasilis.

O uso da vírgula

Este post eu escrevi para uma publicação interna na empresa em que trabalho (Dextra) e decidi replicar aqui no blog.

O uso da vírgula parece complicado, mas não é tanto! Uma pesquisa rápida na internet e você encontra vários sites que mostram as regras de uso da vírgula – e suas exceções. Mas… todos esses sites tem um problema em comum: são chatos! É difícil entender as regras da forma como eles colocam, os exemplos são esquisitos, usam termos que só o professor de português da sexta série conhece. Continue reading

Português = Matemática… claro!

É muito engraçada essa divisão que fazemos das pessoas entre as que são mais aptas a Humanas, Biológicas ou Exatas. Muita gente acaba usando isso como uma definição do seu próprio ser e cria uma série de preconceitos e bloqueios com as outras áreas sem se dar conta de que, no fundo, esse tripé é o que sustenta qualquer profissão.

Não importa qual a área que você escolheu para sua profissão, o fato é que de Matemática básica, Idiomas e noções gerais de Saúde e Ambiente todos precisam para viver.

Outro dia estava conversando num almoço com alguns colegas de trabalho sobre o modelo educacional que temos implantado no Brasil, focado em concluir um conteúdo programático e não em auxiliar o aluno a construir seu conhecimento, relacionar as disciplinas e formar uma base para seu desenvolvimento constante. O resultado é que a maioria não sabe estudar, é desorganizado nos estudos, tem muita dificuldade em trabalhar em grupo, dividindo as tarefas, e, em geral, acha que escola é ruim e que, quando começar a trabalhar, nunca mais precisará estudar na vida. Mistura perfeita para criar uma geração de trabalhadores despreparados, desmotivados e decepcionados.

Ouço muito as pessoas dizerem coisas como “Odeio matemática”, “Português é muito difícil”, “Estudo só pra passar”. Claro que cada pessoa terá mais facilidade ou dificuldade com uma disciplina de acordo com suas aptidões e com as conexões que ela consegue fazer. Eu nunca tive muita dificuldade com nenhuma disciplina. Sempre tive bom aproveitamento tanto nas exatas quanto nas biológicas e nas humanas. Lembro de um teste vocacional que eu fiz e que a porcentagem de exatas e humanas ficou virtualmente igual. Tanto que na análise saiu um calhamaço de profissões que eu podia seguir. O sistema não estava preparado para analisar alguém que não tivesse forte tendência em uma única área…. Continue reading

Língua Portuguesa 101 #1

Minha motivação para este post (ou série de posts, pelo que antevejo) é o quanto as pessoas escrevem errado na internet. Principalmente em redes sociais. E não adianta sociólogo e pedagogo vir me dizer que o modo de se expressar nesses meios deve ser distinto, e único: devemos, sim, usar corretamente a Língua Portuguesa. Existem erros imperdoáveis. Vou colocar aqui os que mais me incomodam, um em cada post, conforme forem aparecendo na minha vida.

A minha sensação é de que as pessoas escrevem errado de propósito. É um tal de vírgula separando sujeito e predicado, concordância nominal e verbal praticamente inexistente, troca de tempos verbais, troca de fonemas… enfim…

O tema de hoje é verbo reflexivo. Continue reading